terça-feira, 23 de agosto de 2011

True Blood




















Depois de alguma resistência, estou assistindo True Blood.

A série está em sua quarta temporada e retrata a vida da garçonete Sookie, uma telepata que acaba conhecendo um vampiro e, por conta disso, vive algumas tragédias e aventuras.

Após a invenção de um tipo de sangue sintético, chamado True Blood, houve a "Grande Revelação", em que os vampiros se mostraram à humanidade, demonstrando a possibilidade de conviver com a mesma, já que não precisam mais se alimentar dos humanos.

Então, de volta à sociedade, os vampiros brigam por seus direitos civis, já que pagam impostos e exercem sua cidadania.

A série é baseada nos livros da Charlaine Harris e adaptada pelo premiadíssimo Allan Ball, roteirista do filme "Beleza Americana".

Fica muito clara a influência de escritores como Anne Rice e, principalmente, dos livros de RPG da editora White-Wolf, principalmente Vampiro: A Máscara.

A decadência dos vampiros, a maldição desta existência fúnebre, o niilismo, os jogos de poder, a rivalidade com outras criaturas sobrenaturais, entre outras, são as semelhanças com os livros da White-Wolf.

Nesta série, andando contra a maré, não se vê um romance adolescente, vampiros que vão à escola ou brilham no Sol, mas, muito pelo contrário, há sangue em abundância, muitas cenas de sexo, discussões contemporâneas (drogas e fanatismo religioso), violência e muito mistério.

O que mais me encanta, em True Blood, é a forma como o Allan Ball - polêmico por natureza - demonstra a face da religião que os fanáticos não conseguem enxergar: a acepção de pessoas, a camuflada incitação à violência contra os diferentes, os artifícios utilizados para enganar, os falsos exorcismos, os interesses ocultos, a falta de ética etc.

O caso do exorcismo, em particular, é bem interessante. Na série, uma falsa curandeira faz um ritual bem elaborado e "exorciza" o demônio de uma senhora alcóolatra, que dizia que não era ela que bebia, mas o demônio que bebia por ela.

De fato, ela foi "curada", mas, pouco depois, foi descoberto, por terceiros, que a curandeira era uma fraude.

Essa psicologia da religião, tão bem retratada por Jung, é o que o roteirista Allan Ball tem expressado tão bem neste seriado.

É muito mais fácil colocar a culpa em uma entidade invisível do que admitir que nós mesmos somos fracos, maldosos, perversos, egoístas e doentes.

É mais fácil acreditar que um demônio nos possui e procurar uma ajuda "mágica" que, após realizada, faz com que sumam todos os nossos problemas, do que admitir as nossas falhas e lutar com perseverança e racionalidade pela nossa evolução. Entretanto, sabemos que essa empolgação dura apenas alguns meses.

No fim, somos apenas quem somos.

Para os que gostam de mistério, horror sobrenatural e detestam esses vampirinhos emos que as adolescentes amam, recomendo True Blood.

Depois de Drácula, de Bram Stoker; das Cronicas Vampirescas, de Anne Rice; e dos livros da White-Wolf, esta série é a primeira obra do gênero a me surpreender em 10 anos.

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