quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tudo é vaidade.

Passamos a vida elencando o que nos é importante e o que nos é insignificante.

Então, tomamos por genial aquilo que gostamos e por infame o que não nos satisfaz.

Nos achamos cultos em um mundo de medíocres...

O fato é que tudo é vaidade e Salomão estava certo.

Cultura é algo relativo. Tudo pode ser visto como cultura.

E... no fim... tudo acaba, tudo passa.

Nem o conhecimento fica.

Todos seremos comida de vermes e desapareceremos.

Voltaremos a ser o que éramos antes de nascer, diria Schopenhauer.

Portanto, não há que se falar em superioridade de qualquer coisa sobre qualquer outra coisa, embora o façamos com frequência.

Tudo passará... Tudo sucumbirá ao tempo.
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domingo, 19 de setembro de 2010

São Paulo Futebol Clube

Poucas coisas na vida me dão extrema alegria.

Uma delas é meu time: São Paulo Futebol Clube.

Acabei de voltar do cinema. Assisti "O Soberano".

O time é o maior vencedor da Libertadores, Mundial e Brasileiro, os três maiores títulos que um clube brasileiro pode disputar.

Eu costumo dizer que "as futilidades da vida maquiam a nossa fúnebre existência", e que futilidade mais fascinante é o futebol!

Durante o filme, lembrei da minha infância, do meu pai, dos meus amigos, da minha história...

Meu time está congênito em minha constituição. É incrível!

O time de futebol é algo que carregamos para o túmulo!

As pessoas morrem, namoros acabam, amizades são afastadas pela distância... tudo pode mudar, mas, daqui há 50 anos, se eu ainda estiver respirando, tenho certeza absoluta que ainda serei São Paulino.

Isso é magnífico, pois, em um mundo onde não posso ter certeza de NADA, ainda sei que esse mesmo time me trará alegrias e tristezas até o final dos meus dias.

E, provavelmente, continuarei sendo chamado de "o são paulino", na maioria dos lugares, como sou atualmente.

"Como eu te amo tricolor, como eu te amo demais..."

É algo inexplicável...

Quando penso na possibilidade de ter um filho, só consigo imaginar um mulequinho com o uniforme inteiro do São Paulo, assim como imaginava meu avô e o meu pai.

Engraçado... alguém tão racional quanto eu, pensar antes no time de futebol do filho, do que em fatores extremamente mais "relevantes".

É isso aí.

São Paulo Futebol Clube.

6-3-3

Um amor que sei que durará enquanto eu viver.
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domingo, 5 de setembro de 2010

Um brinde a Nietzsche.

Se eu ganhasse na Mega Sena, uma coisa que eu faria com absoluta certeza seria distribuir milhares ou milhões de exemplares de "O Anticristo" de Nietzsche a todos os fiéis de igrejas.

Se possível, com o tempo que eu teria, eu faria uma interpretação simplificada para os menos eruditos.

Em seu prólogo, Nietzsche declina:

"Este livro destina-se aos homens mais raros. Talvez nem possa encontrar um único sequer que ainda esteja vivo. Estariam eles entre os que compreendem o meu Zaratustra. Como poderia eu misturar-me com aqueles a quem hoje se presta ouvidos? Só o futuro me pertence. Há homens que nascem póstumos.
(...)
Ouvidos novos para uma música nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até hoje permaneceram mudas. E uma vontade de economia de grande estilo: reunir a sua própria força, o seu próprio entusiasmo... O respeito por si mesmo, o amor-próprio, a liberdade absoluta para consigo...
Muito bem, só esses são meus leitores, os meus verdadeiros leitores, os meusleitores predestinados: que importa o resto? O resto é somente a humanidade. É necessário ser superior à humanidade em força, em grandeza de alma - e em desprezo..."

Friedrich Nietzsche.



Ah, humanidade!

Ah, humanidade!

As vacas continuam a ser guiadas.

De que adianta um Nietzsche em um mundo onde as "pegadas dos marinheiros valem mais do que os micos e cacatuas em uma ilha deserta", como profetizou Schopenhauer?
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Anne Rice - Trechos

Para mim, a maior escritora ficção é, disparadamente, Anne Rice.

Já li muitos livros de ficção, mas nada se compara à criatividade, ao poder de descrição, argumentação e beleza literária que essa lady consegue imprimir em seus textos.

Anne Rice queria escrever sobre um ser proscrito, que fosse banido da sociedade, por esta razão escolheu os vampiros para serem o cerne de suas obras.

Entretanto, seus vampiros não se parecem em nada com o Drácula, de Bram Stoker; com vampirinhos insossos que estão na moda ou qualquer vampiro de filmes que existem aos milhares.

Seus personagens são profundos, filosóficos, completamente diferentes e predominantemente niilistas. E o primeiro livro, Entrevista com o Vampiro, de 1975, com a tradução de Clarice Lispector, é algo que classifico como genial!

Anne, Niezsche diria sobre você: Ela entendeu tudo!

Alguns trechos que me lembro neste instante:

(Lestat, sobre a música de Nicolas de Lenfent, O Vampiro Lestat):

"As longas notas vibrantes, os glissandos cortantes e o violino se expressando em sua própria linguagem, fazendo com que todas as outras formas de discurso parecessem falsas. No entanto, à medida que a música se aprofundava, tornava-se a própria essência do desespero, como se sua beleza fosse uma terrível coincidência, algo grotesco sem nenhuma partícula de verdade. (...) Estaria criando deliberadamente aquelas notas longas, puras e transparentes para dizer que a beleza não significava nada porque vinha do desespero dentro dele e que afinal não tinha nada a ver com o desespero, porque o desespero não era belo e então a beleza não passava de uma horrível ironia?"


(Marius para Akasha, A Rainha dos Condenados)

"— Olhe para a floresta lá fora — ele pediu, apontando para a parede de vidro. — Escolha uma árvore. Descreva-a, se quiser, em termos daquilo que ela destrói, daquilo que ela desafia, daquilo que ela não consegue fazer, e terá um monstro de raízes gulosas e ímpeto irresistível que devora a luz das outras plantas, seus nutrientes, seu ar. Mas esta não é a verdade da árvore. Esta não é a verdade inteira, quando ela é vista como uma parte da natureza; e quando falo em natureza não me refiro a algo sagrado; refiro-me apenas ao quadro completo, Akasha. A coisa maior, que abarca tudo isso."

(Lestat, O Vampiro Lestat)
"Eu sou a Morte Cavalheiresca vestida de seda e rendas, que veio para apagar as velas. O cancro no coração da rosa."


(Louis, Entrevista com o Vampiro).

"- Deus não vivia naquela igreja. As estátuas transmitiam a imagem do nada. Eu era o sobrenatural naquela catedral. Era aúnica coisa imortal que jazia consciente sob seu teto! Solidão. Solidão até a loucura. Em minha visão, a catedral estremecia. Os santos balançavam e caíam. Ratos comiam a Santa Eucaristia e se aninhavam nas vigas. Um rato solitário com uma enorme cauda continuou roendo a toalha podre do altar até o candelabro cair e rolar pelas pedras cheias de limo. E eu continuei de pé. Intocado. Imortal. Agarrando subitamente a mão de tinta da Virgem e vendo-a quebrar-se em minha palma, esfarelada por meus dedos."

(Lestat e Louis, A Rainha dos Condenados).
"A amargura voltou, e uma grande tristeza letárgica que ameaçava varrer minha pequena vitória. Mas eu não permitiria. A noite era linda demais. E o sermão de Louis estava ficando cada vez mais veemente e hilariante.
— Você é um demônio perfeito, Lestat! — ele vociferava. — Ê o que você é! Você é o próprio diabo! — É, sei disso — respondi, adorando olhar para ele, ver a raiva enchendo-o assim de vida. — E adoro ouvir você dizer isto, Louis. Preciso ouvir você dizer isto. Acho que ninguém jamais dirá isto como você. Vamos, diga de novo. Sou um demônio perfeito. Diga-me como sou mau. Isto me faz tão bem!"

(Lestat e Louis, Entrevista com o Vampiro).

"Então Lestat chegou, cantarolando alguma coisa, com seu andar duro ressoando nos degraus da escada. Penetrou na sala, o rosto corado pela morte, os lábios rosados, e colocou sua música ao piano.
- Matei-o ou não? - lançou-me a pergunta com o dedo em riste. - Qual o seu palpite?
- Não - gaguejei. - Porque me convidou para ir e nunca teria me convidado a partilhar esta morte.
- Ah, matei-o num acesso de raiva porque você não foi comigo. - disse, tirando a capa das teclas. Podia ver que ele seria capaz de continuar assim até o alvorecer. Estava exultante. Observava-o dedilhar a música, pensando: ele pode morrer? Ele realmente pode morrer? (...)
Apertou duas sétimas com as mãos, que possuíam uma abertura incrível e mesmo em vida poderia ter sido excelente pianista. Mas tocava sem sentimento; estava sempre longe da música, como se a tirasse magicamente do piano, com o virtuosismo de seus sentidos de vampiro. A música não vinha através dele, não passava por seu corpo.
- Bem, eu o matei? - perguntou de novo.
- Não, não o fez - repeti, apesar, de poder perfeitamente dizer o contrário. Estava concentrado em manter o rosto imóvel.
- Acertou. Não o fiz. - disse ele. - Excita-me ficar perto dele, pensar várias vezes: posso matá-lo e o farei, mas não agora. E depois deixá-lo e procurar alguém bastante parecido com ele. Se tivesse irmãos... puxa, mataria um a um. A família sucumbiria a uma febre misteriosa que secaria todo o sangue de seus corpos! - disse ele, imitando ironicamente um camelo."

(Louis, falando sobre Lestat, após sua decadência. Entrevista com o Vampiro)
"E ao baixar os olhos para ele, ao ver seu cabelo louro contra meu casaco, tive uma visão de como era há muito tempo atrás, aquele cavalheiro alto e firme, numa esvoaçante capa preta, a cabeça erguida, a voz melodiosa e imaculada entoando uma frase da ópera que acabávamos de assistir, seus passos ressoando nos paralelepípedos para marcar o ritmo da música, seus olhos grandes e brilhantes alcançando a jovem que parava enlevada, fazendo um sorriso nascer em seu rosto enquanto a canção morria. E por um momento, aquele exato momento em que seus olhos se
encontravam, todo mal parecia apagado por aquela torrente de prazer, aquela paixão pelo simples fato de estar vivo."


Enfim... decidi colocar meros trechos, que chegam a ser simples demais, tendo em vista que se tivesse que colar as discussões filosóficas, como as de Memnoch, este post ficaria demasiadamente extenso.

É isso.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Inconsciente Coletivo

Um dos escritores mais geniais que pude ler foi C. G. Jung, o famoso psicanalista.

Suas teorias me deixam perplexo. Seja o Inconsciente Coletivo, a Sincronicidade, a Individuação do Ser ou a Imaginação Ativa, as obras de Jung mudaram meu jeito de ver o mundo.

Entretanto, o Inconsciente Coletivo é de longe a teoria mais interessante e original.

Já se falava em Inconsciente... Dentro da filosofia de Schopenhauer, vemos o tempo todo a noção de que o homem age instintivamente.

Depois de Freud, o Inconsciente ganha força e passa a ser estudado pela psicanálise. Entretanto, fundamentado em suas teorias sexuais. Tudo estava ligado ao sexo.

Tudo o que Freud escreve faz muito sentido, mas ele permanece no inconsciente pessoal... fala sobre a relação entre inconsciente e consciente de uma pessoa... id, ego e alter-ego.

Então, chegamos a Jung, que surge com a idéia de que existe um "inconsciente coletivo", sendo a camada mais profunda da psique humana.

Tudo o que acontece na História deixa uma marca nesse Inconsciente, que gera efeitos nos nosso "inconsciente individual".

Gosto do conceito de Caio Fábio:
"O Inconsciente Coletivo é constituído por todas as emanações do inconsciente de todos os indivíduos; e, assim, quando algo de bom se torna um sentir comum de um grupo humano interconectado por qualquer que seja a via (do afeto ou desafeto familiar, aos aspectos de natureza coletiva no mundo todo) - o Inconsciente Coletivo se torna cada vez mais carregado, como as nuvens que se acumulam sobre nossas cabeças, em razão das "evaporações" que emanam da Terra."

Em seu livro de ficção, Nephilim, Caio Fábio apelida o Inconsciente Coletivo de "Armazém de Todos os Sonhos". Com esse apelido genial, fica fácil de entender esse processo.

É como se todos os nossos "sonhos", os sonhos da humanidade durante toda a história, estivessem sendo gravados e guardados neste Armazém, formando uma camada superior à nossa psique, de forma que ao mesmo tempo que recebe nossa influencia, também nos influencia.
Querem exemplos práticos?

Basta olhar para o oriente médio. Aquilo não é apenas uma cultura. Vejo o Inconsciente Coletivo alimentando aquela cultura de machismo, terrorismo e fanatismo religioso.

E repito: Essa loucura não se deve apenas à cultura passada de pai pra filho!

Basta olhar a Alemanha de Hitler.

Um país iluminado por gênios como Kant, Nietzsche, Goethe, Schopenhauer, caiu na desgraça como que por uma possessão, em que até os líderes religiosos, juízes e pessoas comuns APOIAVAM o que estava sendo feito!

Jung, que foi contemporânio à Alemanha Nazista, dizia que ela estava possuída pelo deus Wotan, o deus malvado da mitologia ariana.

Ora, isso não passa de um arquétipo!

Arquétipos não são nada mais do que símbolos utilizados pelo inconsciente (certamente vocês já ouviram falar que sonhar com tal coisa significa outra tal coisa). Os arquétipos são produtos do Inconsciente Coletivo e deles se originam os mitos.

Jung utilizou-se de um arquétipo para demonstrar como a Alemanha estava possuida por uma idéia que não lhe pertencia, a não ser a milhares de anos antes.

Vejo que há uma influência grande do Inconsciente Coletivo que é desprezada e confundida com cultura.

Sua maior influência se dá no campo da religiosidade. Basta ver as várias "possessões" que ocorrem na Igreja Universal, por exemplo.

A pessoa entra na igreja já com uma certa auto-indução, de que é possível que tenha um "demônio" dentro dela e se ele for expulso todos seus problemas irão acabar, sendo eles familiares, financeiros etc.

Então, ao invés da pessoa olhar para seus defeitos e seus atos que levaram sua vida à destruição, ela se acomoda a acreditar que é um outro "ser" que faz a vida dela estar nesse estado. Dessa forma, já auto-induzida por esta idéia, ela entra na igreja e em um determinado momento, várias pessoas começam a sofrer certas influências (que pra mim são do Inconsciente Coletivo imperando naquele lugar, somada à auto-indução) e a pessoa realmente fica possuída PELA SUA PRÓPRIA PSIQUE, criando para si mesma a promessa de que, assim que aquela "coisa" for expulsa, tudo será diferente.

Mas, passando uma semana, tudo será como antes.

Enfim... vai começar o jogo do São Paulo na libertadores e "as futilidades da vida maquiam a nossa fúnebre existência"... então, vou lá para a melhor futilidade de todas, o futebol.

Depois escrevo mais sobre Jung e suas teorias.

Até.
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Falta de postagens.

Há algum tempo eu não posto.

Por que não posto?

Não é por falta de vontade ou de algo a escrever.

Pensei em escrever sobre arte e o bem que ela me faz, depois de ouvir Requiem Lacrimosa do Mozart, depois de um dia deprimente, e o regozijo que isso me trouxe.

Pensei em escrever sobre o homem ser algo em extinção, por conta da popularização de viadagens como metrossexuais, depilação, emos, tirar sobrancelha, essas vaidades absurdas e todas essas coisas que têm afastado o homem do antigo gorila que um dia foi.

Pensei em escrever como os jovens de hoje são patéticos e acomodados em todos os tipos de situações, como, depender dos seus pais, depender de outras pessoas, a falta de cultura etc.

Pensei em escrever sobre as mulheres e o quanto são diferentes umas das outras, ao mesmo tempo em que são idênticas.

Entretanto, acabei escrevendo sobre o porquê não tenho escrito.

O fato é que tenho me alegrado mais do que o comum e pessoas alegres não escrevem.

Pessoas alegres cantam, dançam (embora eu não dance jamais rsrs), se exercitam, praticam esportes, se relacionam com outras pessoas, conversam e gastam tempo nesse âmbito social.

Nesses dias não tenho lido Nietzsche, Schopenhauer ou Anne Rice. Aliás, tenho lido pouco.

Por falar em ler, tenho assistido os vídeos do Felipe Neto e do PC Siqueira.

Sabe porque eles fazem sucesso?

Porque as pessoas não gostam de ler!

Eles fazem crônicas em vídeo!

Me lembram demais o Mário Prata, o maior responsável por me fazer um apaixonado por livros.

Crônicas são leves, interessantes, engraçadas, informativas, enfim... são fáceis de ler e de aprender a gostar de ler.

Vídeos são ainda mais fáceis de se assistir. Ouvir é mais fácil do que ler, para a maioria.

Mas, de fato, os 2 são muito bons.

Logo os posts ficarão ainda mais escassos por conta de outros compromissos que irei assumir.

Mas, tentarei passar por aqui às vezes.

Valeu!
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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Palavras...

"A vida e a morte estão no poder da língua". Rei Salomão.


Falar é a coisa mais fácil que existe. Fala-se o que quer, com a idéia de que as palavras ficam soltas ao vento.

Ocorre que as palavras nunca ficam soltas ao vento. Todas geram efeitos, criam, destroem, matam e vivificam. Sei que isso lembra a Teoria do Caos, utilizada na criação do filme "Efeito Borboleta", mal utilizada, diga-se de passagem, embora o primeiro filme tenha sido interessante.

Hitler, simplesmente com o poder de suas palavras, possuiu uma nação inteira com um pensamento absurdo. Os alemães ficaram possuidos com as palavras de Hitler, que levaram à morte e destruição milhões de judeus.

Uma nação com pensadores do nível de Kant, Schopenhauer, Nietzsche, Goethe e tantas mentes iluminadas foi simplesmente reduzida a uma idéia.

Quando Goethe, o romancista, escreveu "Os Sofrimentos do Jovem Werther", ocorreu uma onda de suicídios em toda a Europa, de tão profundo que o escritor era em suas palavras. O livro relata o amor não correspondido de Werther por Carlota, que acaba se suicidando por conta desse amor.

Em pleno auge do romantismo, os jovens se suicidavam da mesma forma que Werther, tamanho o poder que as palavras de Goethe exercíam sobre os seus leitores.

Hoje em dia, quem nos mostra esse poder absurdo são os líderes religiosos. Pastores com passagens pela polícia, notória falta de caráter e completa falta de bom senso lotam suas igrejas arrecadando valores absurdos dos fiéis, moram em suas mansões confortáveis, enquanto a pessoa que ganha um salário mínimo dá 10% do seu salário para a igreja.

O poder da palavra desses cidadãos é tão grande que as pessoas nem se perguntam pra onde vai todo esse dinheiro, porque a igreja não ajuda os necessitados, ou o porquê do pastor andar em carro importado.

A maioria dos religiosos confunde esse poder da palavra. Eles acham que Salomão falava de um poder mágico, então, quando vêem algum objeto de desejo eles dizem: "Isso ainda será meu, tenho poder em minhas palavras".

Tenho pena dessas pessoas.

A palavra mata e vivifica. É simples demais isso.

Salomão costumava comparar a língua dos seus inimigos a flechas desferidas contra ele.

Ora, todos sabemos que uma palavra dói mais do que um soco no estômago, da mesma forma que pode até "curar" uma pessoa.

Agora, se você acha que estou exagerando, faça um feed back na sua vida e veja o quanto você já perdeu por causa de algumas palavras que falou, ou que deixou de dizer.

Detesto auto-ajuda, mas sei que esse texto soou um pouco disso. Credo!

Agora já está escrito, falado, dito, solto no ar e pronto para surtir possíveis efeitos.


É mais ou menos isso.
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ideologia

Não gosto do Cazuza. Não gosto do estilo de música dele e não o acho um poeta nem um gênio.

Gênios não fazem letras de músicas, escrevem livros. Gênio é Newton, Einstein, Jung, Freud, Schopenhauer, Nietzsche, ou até mesmo compositores (MELODIA) como Bach, Beethoveen, Mozart etc.

Não existe letra de música genial... e não me venha com Chico Buarque, Caetano Veloso e esses papos de bicho grilo.

Entretanto, há uma frase do Cazuza que me chama a atenção: "Ideologia, eu quero uma pra viver".

Não que eu ache genial ou fora do comum.

Mas, viver pressupõe um porquê, ou não?

Um religioso me diria: "Todo homem nasce com um vazio, que precisa ser preenchido por Deus".

Um ateu pessimista diria: "Viver é nascer, crescer e morrer, como uma planta e nada mais".

Um artista diria o que Ferreira Gullar disse: "A arte existe porque a vida não basta".

Um romântico diria: "Viver é amar." Ou talvez: "Viver só faz sentido se for por alguém".

Um materialista diria: "Viver é conquistar objetivos, ganhar o mundo".

Um espartano diria: "Viver faz sentido quando se marca o seu nome na história".

Um psicólogo junguiano diria: "Viver só faz sentido a partir da individuação do ser".


O fato é: Viver pressupõe um porquê!

Entretanto, a vida está ligada a fatores externos em constante mutação. Esse "porquê" é alterado pelas circunstancias imprevisíveis a que estamos sujeitos a todo o tempo, logo, perde-se o sentido da existência, até que a mente e olhar se encontrem de frente a outro "porquê".

Uma ideologia perde o sentido facilmente após uma observação eficaz a respeito de outros pontos de vista, outras visões e outros olhares a respeito da própria ideologia.

Uma pessoa muda de idéia, de emoção e vai embora.

Uma familia é desfeita por uma traição, por um momento de loucura.

Um objetivo material é destruído por fatores comerciais, financeiros e imprevistos frequentes.

E assim, os porquês vão sendo revistos, procurados novamente...

É inevitável não cair na Teoria da Vontade de Schopenhauer.

Aquela em que o homem vive para satisfazer uma vontade, luta bravamente até consegui-la, se farta dela e volta a viver incessantemente à procura da satisfação de outra vontade que surgiu no lugar da saciada.

Nesse olhar sobre o "porquê" vemos esse ciclo quando os imprevistos acontecem.

Não sei se há uma solução. Acho Schopenhauer utópico em sua solução budista que ele mesmo nunca seguiu.

Talvez a individuação faça mais sentido. Ainda escreverei sobre Jung...

O fato é que: "só sei que nada sei". Grande Sócrates, falou, falou e falou, pra chegar a essa brilhante conclusão!

Se formos divagar sobre isso, viraremos um Cruz e Souza, na fase da "dor de ser humano".

A vida é a vida.

Não tivemos escolha entre viver ou não, então nos viramos como podemos. Jogamos com as cartas que temos na mão. Buscamos sentido, procuramos "porquês", chafurdamos nossas caras em nossa própria imbecilidade, tentamos alcançar a salvação...

Sei que o texto não seguiu uma lógica aristotélica, ou uma coerência grega, mas a vida não é coerente e é assim que as coisas são.
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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lost.

Lost acabou.

Na semana passada assisti o último capítulo. Restará a saudade... assim como fiquei quando terminou Prison Break.

Embora, para mim, Prison Break tenha sido a coisa mais genial já realizada na televisão mundial, Lost, por tratar de temas mais abrangentes, proporciona discussões mais filosóficas.


Ao contrário da maioria, gostei do último episódio.


Gostei da relação da série com o Tempo.

Me lembra Kronos e Kairós.

Khronos é o tempo em que estamos presos nesta Terra. Ele é linear, medido, contado.

Kairós é o tempo que não pode ser medido, por não ser linear. É como a eternidade, que na realidade não significa tempo infinito, mas ausência de tempo.

Kairós é o tempo de Deus. Quando foi dito: "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia" está sendo mostrado que o tempo de Deus é Kairós, isto é, não dá pra ser mensurado.

A cada dia que passa o Kairós vem sendo desvendado pelo homem.

O genial Jung em seu conceito de Sincronicidade foi o pioneiro (dentro da psicologia) a abordar o tema.

Hoje, a Física Quântica, com seus universos paralelos, só vem a testificar o que já era estudado por muitos.

O interessante é que se pensarmos em um mundo espiritual onde o que reina é Kairós, muitas das teorias religiosas perdem o sentido.

Ora, pensem comigo, se Deus habita em Kairós, para ele não existe passado, presente ou futuro. Ele não é um escravo do tempo. Logo, o que É É. Talvez por isso ele se autodenomine o grande EU SOU.

Continuando o raciocínio, para ele o seu nascimento, o seu crescimento, o hoje e até a sua morte estão acontecendo tudo em um só momento, tudo é uma coisa só, visto que o Tempo (do qual somos escravos) está na palma de suas mãos.

Logo, fica difícil falar em livre-arbítrio, concordam?

Todas as religiões trabalham com o tempo linear. Reencarnação, evolução, redenção, santificação, tudo pressupõe uma linearidade, pressupõe um ontem e um amanhã. Mas isso faz muito menos sentido se observarmos as teorias de mundos paralelos e o próprio Kairós.

Interessante que o profeta Isaías diz que "o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo", fazendo referência a Cristo já ter sido crucificado antes da criação do mundo, pois, para o Criador, tudo É. A crucificação aconteceu, acontece e acontecerá.

Ou seja, dá pra falar em condenação e redenção? Dá pra falar em livre-arbítrio?

Como diz o Caio Fábio em seu livro Nephilim: "O que é é, isto é tudo e tudo é".

Bom, foi só um pensamento. Não entre em depressão. Faça seu melhor e tente evoluir, mas saiba, o que é É.

Até nisso o estoicismo estava coerente.

Enfim... o episódio final de Lost foi muito bom e me levou a relembrar desses pontos.
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terça-feira, 1 de junho de 2010

Ah.. o inalcançável estoicismo...

O estoicismo é a filosofia mais inteligente da humanidade.

Inteligente se observarmos a vida da forma mais pragmática possível.

Mas, é utópica?

Creio que em pleno século 21 não passe de utopia.

O hedonismo é muito mais coerente com o nosso século. Esse hedonismo burro, instintivo e que só leva à dor e à morte.

A razão é aquilo por meio do qual o homem torna-se livre e feliz. O homem não apreende seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas bem usando desses objetos através de uma sabedoria que não se deixa escravizar pelas paixões.

Estóico: Diz-se daquele que revela fortaleza de ânimo e austeridade. Impassível, imperturbável, insensível.


Para os estóicos o Logos tem autonomia em relação às sensações. O ser no estoicismo é corpóreo e individual, mas, como o universo não pode ser corpóreo, então é incorpóreo no sentido de realidade vazia de ser.

Cuidando de viver uma vida de retidão ética, o sábio evitará toda paixão. A felicidade é apatia e impassibilidade. A apatia é extrema nos estóicos e piedade, compaixão e misericórdia são coisas a evitar, pois são paixões. O estóico não tem diante da vida uma posição propriamente entusiasta como os epicuristas.

A questão é: É possível ser estóico em pleno século 21 sem se tornar um eremita?
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terça-feira, 18 de maio de 2010

Felicidade e Contentamento

Nem me lembro da última vez que escrevi.

O tempo é curto e há o trabalho, o estudo, o treino para o TAF, de forma que as idéias que surgem ficam esquecidas em algum lugar (ou não-lugar) onde repousam longe de qualquer registro.

Um tema que acho jus de fazer alguma menção é a Felicidade.

É possível ser feliz? O que é a felicidade?

É o desapego pregado por Buda?

É viver em prol de uma ideologia?

A cada dia estou mais certo de que não existe felicidade.

Nem tanto pelo Fator-Schopenhauer, mas pela utopia que a palavra carrega em si mesma.

O Fator-Schopenhauer é o nome mais simples que encontrei para reduzir sua Teoria da Vontade em um só termo. O homem busca incessantemente uma coisa. Com muito ou pouco tempo ele conseguirá essa coisa, se satisfará e irá desejar com todas as suas forças outra coisa. Assim, a primeira coisa perde parte de seu sentido, enquanto a segunda passa a ser foco de sua vida. Em suma, o homem anda em círculos até a sua morte.

Por isso, para Schopenhauer o único modelo de não-sofrimento (que não chega a ser a "felicidade") é o desapego total pregado no budismo.

Além disso, ainda no Fator-Schopenhauer, tem o problema do relacionamento humano, que ele compara a 2 porcos-espinhos. Os porcos-espinhos ficam próximos porque sentem frio, mas logo começam a se espetar e sentem a necessidade de ficar longe. Quando voltam a ficar longe sentem frio e se aproximam novamente até que se espetem e procurem se distanciar. Mais uma vez, vemos o homem andar em círculos, entre a solidão e os defeitos alheios.

Creio que o Fator-Schopenhauer faça sentido, mas não seja o ponto crucial para que não exista a "felicidade".

"Felicidade" não existe simplesmente porque não passa de um conceito criado pela mídia e inserido no senso comum.

O que podemos dizer é que o que se pode chegar mais próximo dessa "felicidade" é o "contentamento".

O desapego não resolverá todos os problemas. Se resolvesse, todos seriam monges.

Mas, o que posso perceber mediante pessoas que considero "felizes" e pela própria observação em geral é que quem se "contenta" com o que possui é, em geral, uma pessoa em paz (ou feliz).

A maioria dos comediantes saem de países emergentes. O Brasil é um dos lugares com mais comediantes no mundo. E o norteste é o lugar com mais comediantes no Brasil. Lembrando rapidamente: Tom Cavalcante, Xico Anísio, Renato Aragão, Tiririca, Adamastor Pitaco...

Em contrapartida, não conheço nenhum comediante suéco ou noruegues. Pelo contrário, esses países "perfeitos" são lugares de pessoas fechadas e tristes em sua maioria, basta ver o estilo musical preferido pela maioria: black metal, com sua melodia agressiva e suas letras depreciativas, depressivas e melancólicas, suas roupas negras, enquanto no Brasil o povo só quer saber de Axé, Pagode e tudo o que "sacuda o esqueleto".

Enquanto a empregada doméstica vai o caminho inteiro sorrindo dentro do ônibus, o executivo de sucesso vai murmurando o caminho todo em seu carro importado.

Em geral, é o que acontece.

Quem é "feliz", é "feliz" sendo operário ou sendo ganhador da mega sena.


Por isso, afirmo categoricamente: "Fatores externos não podem gerar felicidade, no máximo geram alegria temporária."

Felicidade é contentamento. E contentamento pressupõe um "apesar de..."

Sempre tem um "apesar de...".

Por isso, me comovo com quem é infeliz e acredita que um dia "encontrará felicidade".

Contentamento ou se tem, ou não se tem.

Simples assim.
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