quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ideologia

Não gosto do Cazuza. Não gosto do estilo de música dele e não o acho um poeta nem um gênio.

Gênios não fazem letras de músicas, escrevem livros. Gênio é Newton, Einstein, Jung, Freud, Schopenhauer, Nietzsche, ou até mesmo compositores (MELODIA) como Bach, Beethoveen, Mozart etc.

Não existe letra de música genial... e não me venha com Chico Buarque, Caetano Veloso e esses papos de bicho grilo.

Entretanto, há uma frase do Cazuza que me chama a atenção: "Ideologia, eu quero uma pra viver".

Não que eu ache genial ou fora do comum.

Mas, viver pressupõe um porquê, ou não?

Um religioso me diria: "Todo homem nasce com um vazio, que precisa ser preenchido por Deus".

Um ateu pessimista diria: "Viver é nascer, crescer e morrer, como uma planta e nada mais".

Um artista diria o que Ferreira Gullar disse: "A arte existe porque a vida não basta".

Um romântico diria: "Viver é amar." Ou talvez: "Viver só faz sentido se for por alguém".

Um materialista diria: "Viver é conquistar objetivos, ganhar o mundo".

Um espartano diria: "Viver faz sentido quando se marca o seu nome na história".

Um psicólogo junguiano diria: "Viver só faz sentido a partir da individuação do ser".


O fato é: Viver pressupõe um porquê!

Entretanto, a vida está ligada a fatores externos em constante mutação. Esse "porquê" é alterado pelas circunstancias imprevisíveis a que estamos sujeitos a todo o tempo, logo, perde-se o sentido da existência, até que a mente e olhar se encontrem de frente a outro "porquê".

Uma ideologia perde o sentido facilmente após uma observação eficaz a respeito de outros pontos de vista, outras visões e outros olhares a respeito da própria ideologia.

Uma pessoa muda de idéia, de emoção e vai embora.

Uma familia é desfeita por uma traição, por um momento de loucura.

Um objetivo material é destruído por fatores comerciais, financeiros e imprevistos frequentes.

E assim, os porquês vão sendo revistos, procurados novamente...

É inevitável não cair na Teoria da Vontade de Schopenhauer.

Aquela em que o homem vive para satisfazer uma vontade, luta bravamente até consegui-la, se farta dela e volta a viver incessantemente à procura da satisfação de outra vontade que surgiu no lugar da saciada.

Nesse olhar sobre o "porquê" vemos esse ciclo quando os imprevistos acontecem.

Não sei se há uma solução. Acho Schopenhauer utópico em sua solução budista que ele mesmo nunca seguiu.

Talvez a individuação faça mais sentido. Ainda escreverei sobre Jung...

O fato é que: "só sei que nada sei". Grande Sócrates, falou, falou e falou, pra chegar a essa brilhante conclusão!

Se formos divagar sobre isso, viraremos um Cruz e Souza, na fase da "dor de ser humano".

A vida é a vida.

Não tivemos escolha entre viver ou não, então nos viramos como podemos. Jogamos com as cartas que temos na mão. Buscamos sentido, procuramos "porquês", chafurdamos nossas caras em nossa própria imbecilidade, tentamos alcançar a salvação...

Sei que o texto não seguiu uma lógica aristotélica, ou uma coerência grega, mas a vida não é coerente e é assim que as coisas são.

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