A Constituição Federal de 1988 assegura o livre direito ao culto e à liberdade religiosa.
Entretanto, um direito não deve esbarrar em outro de maneira nenhuma e, caso haja este conflito, é necessária uma discussão profunda para que as dúvidas sejam dirimidas e soluções sejam encontradas.
Por exemplo: Um cidadão pode ser satanista, graças à liberdade religiosa; entretanto, não pode sacrificar uma criança em adoração ao diabo, pois esbarraria no direito à vida, cometendo o crime de homicídio, tipificado no Código Penal.
Assim, vemos com certa naturalidade a proibição do ato de matar alguem, em prol da religião.
E a proibição de extorquir alguém?
Nas madrugadas televisivas o que vemos é extorsão atrás de extorsão. E não há outra palavra para definir o que ocorre na maior parte dos cultos evangélicos.
Senhores, entendam o que digo.
Há o direito de se pregar o tão apreciado "dízimo", tal qual cobram também os católicos em programas como o da Canção Nova. O que precisa ficar claro é que os cultos evangélicos transmitidos pela TV vão muito além!
O que se vê são pastores EXIGINDO (o verbo é este!) um "sacrifício" de seus incautos fiéis, para que estes "alcancem a vitória" ou fujam do Inimigo.
Além de cumprir a LEI da religião que seguem, estes fiéis necessitam fazer um sacrifício maior, para que não sucumbam ao Diabo.
É claro que os senhores podem dizer: "Para que configure o tipo penal extorsão é necessário que haja o emprego de violência ou grave ameaça, de forma que é mais cabível falarmos em ESTELIONATO".
Ok. Realmente, o ato de enganar fiéis está mais próximo do estelionato, cujo tipo penal prevê "induzir alguém a erro para obtenção de vantagem ilícita".
Entretanto, hoje, é quase impossível enquadrar um pastor como sujeito ativo do crime de estelionato.
A fé é algo subjetivo, então como podemos provar que ele induziu o fiel ao "erro"? Trata-se de fé.
Como podemos provar, no campo do Direito, que Deus realmente não quer que a pessoa venda tudo o que tem pra dar para a igreja? É impossível.
Entretanto, muitas vezes vemos o caráter da "grave ameaça"!
Frases comuns entre pastores:
"Você tem que oferecer o sacrifício para que o ladrão (diabo) não roube tudo o que você tem"
"Se você não oferecer o sacrifício, nada dará certo na sua vida. Deus não te abençoará".
"Se você ficar retendo os seus bens, Mamon (demônio) levará tudo o que você tem".
Para mim e para você isso pode parecer piada e não passa nem perto de uma "grave ameaça". Se alguém mandar eu doar meus bens para que o diabo não roube minha alma, eu passarei dez minutos rindo.
Mas, não estamos falando meramente do "homem médio".
Aqui, falamos de gente coagida pela religião, muitas vezes desde a infância; gente que acredita que o diabo pode arrancar até o seu último fio de cabelo... Falamos de pessoas que vivem sonhando acordadas com o céu, para fugir da realidade maçante do dia a dia e morrem de medo do inferno.
Aqui, tratamos como vítimas pessoas simples, cuja culpa (tão alimentada e encorajada pela igreja) já alcançou um patamar que nem a psicanálise consegue curar.
Agora, senhores, me digam se não há "grave ameaça".
Se a resposta for "sim", precisamos começar a discutir com mais ênfase esta suposta "liberdade religiosa", para que ela não seja uma simples licença para a prática da extorsão, ou ainda, uma discriminante putativa dos "pobres" pastores que "não sabem que isso é extorsao".
O clichê é cada dia mais recorrente.
Lobos em pele de cordeiros.
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