sábado, 14 de janeiro de 2012

Estereótipos: o prazer absoluto dos ignorantes.

Desde o surgimento da raça humana, nosso cérebro está condicionado a procurar padrões em tudo aquilo que observa.

O processo é simples: Observamos coisas semelhantes, encontramos padrões e os definimos de forma generalizada. Os animais fazem isso o tempo todo, até mesmo como forma de sobrevivência.

Sendo um dos animais mais medrosos, o Homo sapiens também procura padrões em tudo, generaliza e utiliza esse conhecimento (que nem sempre é empírico) como forma de defesa. Então, surgem os ESTEREÓTIPOS.

TOP 10 -

1 - Todo político é ladrão.
2 - Todo musculoso é burro.
3 - Todo tatuado é maloqueiro.
4 - Todo padre é pedófilo.
5 - Todo pastor é ladrão.
6 - Todo cabelereiro é homossexual.
7 - Toda funkeiro é devasso.
8 - Todo homossexual é promíscuo.
9 - Todos que usam óculos são nerds.
10 - Todo espanhol é teimoso.

As generalizações possuem a sua razão de ser, pois, conforme supracitado, antes do estereótipo sempre há um padrão inicial. Por exemplo: são frequentes os casos de corrupção no Congresso Nacional, logo, o generalizador não perde tempo em alegar que todos os políticos são ladrões.

É óbvio que até mesmo o generalizador prevê que há algumas exceções, embora não se importe em ignorá-las ao lançar suas assertivas.

Entretanto, padrões são volúveis, isto é, mudam facilmente conforme a sociedade evolui e quebra paradigmas consolidados por antepassados.

Houve um tempo em que era constrangedor ficar perto de alguém tatuado. Hoje, quase metade das pessoas já possui ao menos uma tatuagem. Antigamente, "nerd" era um dos piores xingamentos que poderia existir. Siginificava que o ofendido era um feioso de óculos, que não sabia falar e viver em grupo, que apanhava de todos e nunca tinha uma namorada. Hoje, está na moda ser "nerd". A palavra ganhou um ar de "cult", inteligência e até elegância.

O generalizador arrisca-se a "queimar a língua" a todo momento. O que hoje é um padrão que leva a uma conclusão negativa, amanhã pode carregar um significado totalmente diferente.

As igrejas, embora afirmem categoricamente que "Deus não muda", de tempos em tempos mudam seus julgamentos e sua maneira de tratar os padrões.
Os sacerdotes queimavam e enforcavam as "bruxas" e os "infiéis"; organizavam cruzadas sangrentas ao oriente, matando e saqueando os mulçumanos; vendiam indulgências (terrenos no céu); enfim, praticavam atos e mais atos que hoje condenam de forma absoluta. Antes de haver a noção de Direitos Humanos, a igreja era outra.

Hodiernamente, a "santa igreja" ainda é contrária ao uso de preservativos, amanhã, provavelmente essa mentalidade mudará.

Além disso, qualquer um pode cair em um estereótipo e ser julgado pelos generalizadores.

Plagiando Drummond, vamos à "Quadrilha dos Estereótipos":

A dona de casa diz que os tatuados são malandros;
os tatuados acham que os políticos são ladrões;
os políticos acham que os homossexuais são promíscuos;
e os homossexuais acham que os padres são pedófilos.

Os padres acham que os pastores são ladrões;
os pastores acham que os funkeiros são devassos;
os funkeiros acham que os musculosos são burros;
e os musculosos acham que os de óculos são nerds;

Os nerds acham que garotas são fúteis;
as garotas acham que os pais são ciumentos;
os pais acham que donas de casa são vagabundas.

Se você não caiu em nenhum desses esteriótipos, não se preocupe, existem milhões.

Enquanto houver padrão:

Ainda que exista gente bem intencionada no Congresso; político será ladrão.

Ainda que o musculoso gaste apenas 1 hora por dia na academia e 4 horas por dia estudando e lendo os clássicos da filosofia e literatura; musculoso é burro.

Mesmo que padres ajudem pessoas a saírem das drogas; padre é pedófilo.

Ainda que haja o pastor caridoso, que alimenta o faminto; pastor é ladrão.

Embora nerds namorem e tenham amigos; nerd é antisocial.

Ainda que o tatuado seja médico no Albert Eisten; tatuado é maloqueiro.

Não importam os argumentos, o raciocínio lógico ou as exceções; sempre haverá o olhar medroso e ignorante do generalizador, para reduzir qualquer coisa há um padrão fixo e invariável.

Que Sartre, Kierkgaard e todos os existencialistas se revirem em suas tumbas.

Não faz diferença.

O medo e a ignorância conduz o tolo ao estereótipo.

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